Coluna Saúde da Mulher com Dra Carolina Valença – Os perigos da automedicação
Somos acostumados a tomar analgésico para dor de cabeça, um laxante para constipação ou usar aquela pomadinha que temos em casa para uma lesão de pele que aparece. Aparentemente não há problema em fazer isso. Na grande maioria das vezes pode resolver sem grandes repercussões. Mas, há riscos e devemos estar atentos a eles. Isso se chama automedicação.
A automedicação é o ato de nos medicarmos por nossa própria conta para aliviar os sintomas, sem orientação médica ou diagnóstico. É extremamente frequente, com estimativas de que 35% das medicações vendidas em farmácias são para automedicação. É uma taxa muito elevada, se consideramos os riscos dessa prática, incluído o de morte.
Muitas vezes quando usamos aquela “pomadinha” que temos em casa os sintomas podem até ser aliviados, mas a doença pode ser mascarada, dificultando o diagnóstico final pelo dermatologista. Uma dor de cabeça que persiste pode ser sinal de problemas oftálmicos, neurológicos ou descontrole da pressão arterial. Um corrimento pode não ser adequadamente tratado, favorecendo a resistência aos antifúngicos e aos antibióticos, sem resolução do problema, favorecendo infecções recorrentes. Aquele “remedinho” que usamos para dormir quando estamos estressados pode cada vez mais fazer parte da nossa rotina e, sem percebermos, o diagnóstico de uma possível depressão pode estar sendo negligenciado. Sem falar que muitas vezes quando utilizamos uma medicação pela primeira vez há o risco de alergia, que pode ser grave ou até mesmo fatal.
A disponibilidade de acesso à informação facilitada pelos meios de pesquisa através da ‘internet’ é um dos fatores que possam favorecer o paciente a se autodiagnosticar e se automedicar.
Para diminuir as complicações com a automedicação, os medicamentos psicotrópicos (que possam causar dependência) e antibióticos (que se usado em excesso pode destruir bactérias que nos protegem e aumentar a resistência bacteriana) são de venda exclusivamente controlada, com prescrição de médicos, médicos veterinários ou dentistas, sendo os profissionais habilitados a medicar. Por isso, sempre que temos qualquer propaganda de medicações na televisão escutamos ao final: “ao persistirem os sintomas, procure um médico!”.
Cuidem-se!
Dra. Maria Carolina Valença*
CREMEPE 14358 – RQE 4803
*Declaro não haver conflito de interesses com a indústria farmacêutica.
*Médica Ginecologista e Obstetra, Mestre em Tocoginecologia (FCM/UPE), Preceptora de ensino do CISAM/UPE e CAM/IMIP
Endereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/6239880783908739
Instagram: @dracarolvalenca