Coluna Saúde da Mulher com Dra. Carolina Valença – Câncer de intestinos: o segundo tumor que mais mata as mulheres brasileiras
Ficando apenas atrás do câncer de mama na estatística, os tumores de intestinos (colorretal) matam muitas mulheres no Brasil e no mundo. Segundo o Instituto Nacional do câncer (INCA), 20 470 mulheres seriam acometidas em 2020 e dessas, 10 356 teriam como desfecho a morte pela doença.
Os fatores que aumentam o risco do desenvolvimento desse câncer são: idade maior que 50 anos; obesidade; alimentação pobre em frutas, vegetais e fibras de uma forma geral; consumo de carnes processadas e ingesta de carne vermelha aumentada; tabagismo e excesso de consumo de álcool. Quem tem outros casos desse câncer na família ou com antecedentes pessoais de câncer de mama, útero e ovário também terá mais chance de que o tumor se desenvolva. Portadoras de doenças inflamatórias do intestino, como retocolite ulcerativa e doença de Crohn, também têm risco aumentado, bem como doenças hereditárias intestinais, devendo ser bem vigiadas para boa prevenção.
É um tumor tratável e, geralmente, curável, ao ser detectado precocemente, quando ainda não se espalhou para outros órgãos. Grande parte desses tumores se inicia a partir de pólipos, lesões benignas que podem crescer na parede interna do intestino grosso. Os sintomas mais frequentes são a identificação de sangue nas fezes; alteração do hábito intestinal, com oscilação entre diarreia e constipação; dor ou desconforto abdominal, fraqueza e anemia; perda de peso sem explicação; alteração na forma das fezes e, em casos avançados, pode-se palpar uma tumoração abdominal. Os sintomas são inespecíficos e podem estar presentes em doenças benignas como hemorroidas, verminoses, úlceras, entre outras, sendo mais comuns até que o câncer.
O rastreio desse tumor pode ser realizado, nas pacientes sem fatores de risco, preferencialmente com uma colonoscopia aos 50 anos. A colonoscopia é um exame realizado com o paciente sob sedação, onde se consegue olhar com uma câmera adequada através do reto a maior parte da superfície interna dos intestinos, localizando com precisão as lesões e realizando a biópsia para diagnóstico preciso. Pode achar lesões ainda no estágio não cancerígeno, com possibilidade de tratá-las antes do aparecimento de qualquer sintoma e do câncer. O sangue oculto nas fezes é um exame que pode ser realizado na impossibilidade de realização da colonoscopia. Tem menor custo, porém para maior eficácia deve ser feito em condições ideais, com uma dieta pobre em elementos que se possam confundir com sangue alguns dias antes da realização. Nas mulheres com menos de 50 anos, o rastreio deve ser individualizado e adequado conforme a história clínica da paciente e seus fatores de risco.
É muito importante a consulta regular com o seu médico de confiança para que a avaliação da necessidade dos seus exames seja conforme as suas necessidades. A manutenção do peso adequado, bons hábitos alimentares e de vida previnem muitas doenças, inclusive cânceres.
Cuidem-se!
Serviço
Dra. Maria Carolina Valença* CREMEPE 14358 – RQE 4803
*Médica Ginecologista e Obstetra, Mestre em Tocoginecologia (FCM/UPE)
Para acessar o CV: http://lattes.cnpq.br/6239880783908739