Coluna Saúde da Mulher com Dra Carolina Valença – Óleo de Coco
Muito tem se falado de óleo de coco e seus benefícios na alimentação e usado em substâncias cosméticas hidratantes. Muitas pacientes têm perguntado se pode usar óleo de coco como lubrificante íntimo e como se deve usar a substância para tal fim. Lubrificante íntimo é a substância que usamos como emoliente para facilitar a relação sexual.
Fiz uma pesquisa na literatura sobre o óleo de coco, relacionando o seu uso diretamente como lubrificante íntimo ou como hidratante vaginal mais nada achei de fato. Só muitas replicações de postagens do seu uso para esse fim, mas nada de evidências científicas até o momento.
O óleo de coco é um óleo vegetal, natural, que a rigor não deve fazer mal como lubrificante. Temos que ter cuidado que uma coisa é usá-lo em fórmulas hidratantes para a pele, onde tem um bom poder hidratante, já com muitas pesquisas demonstrando isso. Mas, outra coisa é colocá-lo em contato com a mucosa vaginal, sendo bem mais sensível que a pele. Muitas pacientes podem já ter usado ou usar sem nada acontecer. Mas outras podem ter alergia a algum componente do coco, mudanças no pH vaginal e desenvolver reações, desequilíbrio da flora com infecções, assim como qualquer outro produto natural ou industrializado.
Por ser um óleo, tem que se ter cuidado na reação com o látex do preservativo que pode favorecer o rompimento, expondo ao risco de gravidez e infeções transmitidas pelo sexo. Ainda como qualquer outro óleo, se aquecido, pode provocar queimaduras. Em contato com brinquedos de sex shop, pode causar danos ao material, especialmente se forem também de látex. E, se juntar com outras substâncias químicas usadas na relação sexual, também pode haver interação com irritações e alergias.
Essas minhas observações não desmerecem todos os benefícios que podemos ter do óleo de coco. Particularmente, é uma substância que eu adoro e ficaria muito feliz de ter encontrado vários estudos mostrando mais esse benefício. Quem sabe teremos mais um aliado contra o ressecamento vaginal no futuro? Mas, não posso deixar de fazer essas ressalvas. Cuidem-se!
Dra. Maria Carolina Valença*
CREMEPE 14358 – RQE 4803
*Declaro não haver conflito de interesses com a indústria farmacêutica.
*Médica Ginecologista e Obstetra, Mestre em Tocoginecologia (FCM/UPE), Preceptora de ensino do CISAM/UPE e CAM/IMIP
Endereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/6239880783908739
Instagram: @dracarolvalenca