Coluna Saúde da Mulher com Dra. Carolina Valença - Varíola dos macacos: A mesma doença de volta? - Blog Ana Cláudia Thorpe
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Coluna Saúde da Mulher com Dra. Carolina Valença – Varíola dos macacos: A mesma doença de volta?

Diante da confirmação de casos da varíola dos macacos no Brasil, surge a necessidade de esclarecimentos sobre uma nova doença infectocontagiosa, principalmente quando ainda vivenciamos a pandemia da COVID-19. A questão de como ocorre a contaminação e qual a gravidade que a doença pode chegar são os aspectos mais questionados. A informação é a chave para não ficarmos em pânico e saibamos evitar a contaminação pela doença e, em caso de adoecimento, evitar a contaminação de outras pessoas, diminuindo a cadeia de transmissão da doença infectocontagiosa.

A varíola dos macacos ou MonkeyPox como é mundialmente conhecida, foi identificada pela primeira vez em macacos no ano de 1958 e apenas em 1970 foram descritos os primeiros casos acometendo seres humanos. Porém, recentemente, a doença rompeu as barreiras africanas, chegando à Europa e já se espalhando pelo mundo. A varíola humana, ou SmallPox, já erradicada graças à vacinação é provocada por um vírus diferente, que não acomete macacos, apenas humanos. Ao contrário do que se pode pensar pelo nome, não são os macacos que transmitem a doença ao humano. Os macacos adquirem a doença pelo ataque de pequenos roedores, os verdadeiros transmissores da doença. A varíola dos macacos acomete humanos na região da África centro-leste, transmitida aos humanos inicialmente da mesma forma transmitida aos macacos. Porém, contato íntimo com pessoas doentes através de fluidos corporais ou com as lesões de pele, a doença pode ser transmitido pessoa a pessoa. Esse contato íntimo não é apenas estar no mesmo ambiente que a pessoa de forma rápida. É um contato prolongado: viver no mesmo ambiente, dormir na mesma cama, e contato direto com as lesões, o que tem acontecido muito com relações sexuais ocasionais, sendo também um contato íntimo, mesmo que seja único ou esporádico.

Os sintomas podem aparecer até 21 dias após o contato com pessoa doente ou com suspeita da doença. Durante esse período, não é necessário isolamento. Porém, deve-se ficar alerta ao aparecimento de sintomas mais frequentes, como aumento dos gânglios do pescoço e sublinguais, febre, astenia e a seguir, ao aparecimento de lesões de pele que se espalham pelo corpo, geralmente se iniciando pela face ou no local de contaminação, no caso de contato íntimo genital. A pessoa doente é que deve permanecer isolada até toda a cicatrização das lesões de pele. Essas lesões passam por várias fazer até formar a “casquinha” e depois cicatrizam. Durante todo esse período o doente pode transmitir a doença, diferente de outras doenças como herpes ou catapora, que já não transmitem mais quando todas as lesões já estão com as “casquinhas”.

A maioria dos pacientes evolui bem, cumprindo o ciclo da virose, devendo manter boa alimentação e hidratação, medicações para dor e febre e limpeza das lesões de pele para evitar infecções de pele, principal e mais comum complicação, demandando o uso de antibióticos. O grupo de risco para apresentar a forma grave da doença são pessoas com baixa imunidade, crianças menores de 8 anos, gestantes e puérperas ou com muitas lesões de pele disseminadas.

​   Medidas simples como o uso de máscara e higiene regular das mãos podem evitar a infecção pela doença. Assim como evitar contatos com pessoas com suspeita ou doença confirmada. A vacina específica para a varíola dos macacos ainda não existe. Porém a antiga vacina contra a varíola oferece proteção em até 80% dos casos. A vacinação contra a varíola no Brasil era obrigatória até 1973, quando a varíola foi erradicada. A expectativa é que a vacina já existente da varíola volte a ser produzida, melhorando o prognóstico e ajudando a conter a varíola dos macacos.

 

 

Serviço:

Dra. Maria Carolina Valença

Instagram: @dracarolvalenca

CREMEPE 14358 – RQE 4803

Médica Ginecologista e Obstetra, Mestre em Tocoginecologia (FCM/UPE)

Para acessar o CV: http://lattes.cnpq.br/6239880783908739