Coluna Saúde da Mulher com Dra. Carolina Valença - Qual a importância do ginecologista na prevenção e rastreio do câncer de mama não só no “Outubro Rosa”? - Blog Ana Cláudia Thorpe
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Coluna Saúde da Mulher com Dra. Carolina Valença – Qual a importância do ginecologista na prevenção e rastreio do câncer de mama não só no “Outubro Rosa”?

O câncer de mama é o mais frequente tumor maligno que acomete mulheres. Segundo o INCA, foram estimados 66280 novos casos no Brasil para o ano de 2021. O Ginecologista é o médico da mulher e o especialista mais procurado pelo sexo feminino para atendimento e realização dos seus exames de rotina. Logo, essas consultas são importantes para identificar os fatores de risco, atuar na correção dos que podem ser modificados, exame físico das mamas e solicitação dos exames complementares que possam ajudar na detecção precoce da doença, fundamental para um tratamento menos invasivo e com maiores taxas de cura.

É importante conhecer os fatores de risco para câncer de mama. A história familiar de câncer de mama, ovário ou intestinos, sobrepeso e obesidade, diabetes, tabagismo, consumo excessivo de álcool, primeira menstruação muito cedo e menopausa tardia e uso prolongado de terapia de reposição hormonal aumentam o risco de aparecimento desse tumor. A partir de então, podemos dar orientações para corrigir o que pode ser corrigido. Por exemplo: orientar boa alimentação, rica em vegetais e fibras, assim como prática de exercícios para uma boa qualidade de vida e manutenção do peso; o controle da glicose nas pacientes diabéticas, com a ajuda do especialista em endocrinologia, (importante não só para evitar cânceres, mas também as complicações a longo prazo da diabetes descontrolada!); orientação para abandonar o fumo e consumo excessivo de álcool; checar a real necessidade da terapia de reposição hormonal, assim como as doses, se estão corretas, e as vias de administração se são seguras e adequadas às necessidades da paciente. A depender dos casos de câncer na história familiar, pode ser necessário o encaminhamento para estudo genético para avaliação de risco da paciente.

O exame físico do ginecologista deve englobar o exame das mamas e axilas, avaliando a densidade do parênquima mamário, a superfície da pele da mama, presença de cicatrizes, presença de nodulações palpáveis nas mamas e axilas, mobilidade das mamas, se há abaulamentos ou retrações na superfície da pele, edemas ou áreas de irritação e se alguma secreção anormal está sendo liberada pelos mamilos ou a inversão deles. A partir de então, mulheres com exame físico normal a partir dos 40 anos, a mamografia deve ser realizada anualmente. A mamografia anual não dispensa o exame físico regular das mamas. O autoexame deve ser estimulado, mas quando a paciente detecta algo palpável, o tumor já pode ser grande. Com a mamografia, os tumores são detectados muitas vezes ainda antes de serem percebidos se quer ao exame médico das mamas. Em caso de mamas ainda densas onde a mamografia não tenha boa visibilidade, a ultrassonografia é o exame que pode identificar lesões em mamas nessa situação. Mesmo as pacientes com próteses mamárias devem ser examinadas e realizar os exames solicitados regularmente. Pacientes de muito alto risco ou que os exames anteriores precisem ainda de mais esclarecimento, ressonância nuclear magnética com contraste ainda é uma opção de investigação, mas não como rotina primariamente falando.

Não é provado o benefício da mamografia de rotina abaixo dos 40 anos. A exposição à radiação nas pacientes de baixo risco não compensa, pois, a maioria das mulheres nessa faixa etária possuem mamas densas sem boa visibilidade à mamografia e, quando for necessário algum exame de imagem, entra aqui novamente a ultrassonografia. Atenção especial deve ser dada as pacientes com história familiar de câncer de mama que foram detectados antes dos 35 anos. Portanto, consulte regulamente o seu ginecologista. Em qualquer doença, o diagnóstico precoce é o segredo para bons resultados. Cuidem-se!

 

Serviço
Dra. Maria Carolina Valença*
CREMEPE 14358 – RQE 4803
*Médica Ginecologista e Obstetra, Mestre em Tocoginecologia (FCM/UPE), Preceptora de ensino do CISAM/UPE e CAM/IMIP
Endereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/6239880783908739
Instragram @dracarolvalenca