Louis Vuitton recria história fashionista do crescimento humano - Blog Ana Cláudia Thorpe
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Louis Vuitton recria história fashionista do crescimento humano

A equipe criativa masculina da Louis Vuitton, sob a liderança de Colm Dillane, conhecido por KidSuper, performaram na última quinta-feira (dia 19) com a cantora catalã Rosalía, numa performance eletrizante na passarela de desfile no Louvre. Essa é a grande reviravolta da Vuitton para sua última temporada masculina. A coleção abriu com ternos, casacos precisos e calças enormes, nesta estação.  Todos cortados com dardos e fendas ligeiramente deslocados, e complementados por algumas faixas de tecido bastante impressionantes, e de um modo geral bastante magistral. Até aquele terno extravagante composto por uma sobreposição de páginas de romances.

Uma tendência chave na moda masculina é a calça escandalosamente larga, e a Vuitton ganhou novamente o dia nesta categoria, particularmente com uma soberba manta de retalhos de impressões de monogramas e quadrados, misturados com jeans cor cinza e carvão vegetal. As cores são eufóricas: os casacos de lã feltrada apresentam impressões de frutas gigantes, onde as maçãs e os limões são duas vezes maiores que a vida. E o melhor de tudo são aqueles casacos fabulosos em tecido de impressão fotográfica pixelada, alguns com apenas um único olho enorme.

 

 

Em suma, esta coleção poderia ter usado algum corte substancial, mas teria certamente perdido a sua aresta corajosa e não-convencional. Praticamente todos os modelos de tops tinham uma bolsa na mão. Trata-se da Vuitton, afinal de contas. E já podíamos ouvir as gavetas de dinheiro a tocar, ou melhor, os celulares apitando, à medida que descobrimos as sacolas de compras e tote bags em lona prateada, as mochilas masculinas em metal triturado como uma escultura de chapa amassada à la John Chamberlain, e até aquela adorável capa para uma máquina fotográfica de 18mm vintage. E tudo isso é completado com bolsa que trazem formatos daquelas sacolas de patchwork em intarsia, exibindo retratos pintados recompostos em couro.

Para além da paleta clássica de cinzas, pretos, bordôs e manteigas, os visuais trouxeram padronagens atemporais (como o xadrez e as camuflagens) e designs inéditos, incluindo maçãs coloridas e completamente pixeladas – uma ode à era digital que René Magritte teria adorado. A proposta de estampas desfocadas é parte de uma realidade estranha aos dias de hoje e, ainda mais importante, à Geração Z. O efeito computadorizado foi resgatado diretamente dos anos de adolescência dos millenials e o cenário contou até com um eletrônico que fashionistas mais jovens, acostumados com os smart gadgets atuais, dificilmente identificariam como um computador.

Nas estampas, também surgiram olhos, cenas de filmes e rostos tirados de pinturas criadas especialmente para essa coleção. A ideia de movimento ficou por conta das roupas criadas com, literalmente, cartas nas mais diversas línguas (recuperadas dos arquivos da marca e escritas por membros da equipe). Os acessórios (sempre favoritos chez Vuitton) vieram em todas as formas. As clássicas ganharam repaginações divertidas, como uma versão inflada da keepall, enquanto outras surgiram em shapes inusitados: câmeras vintage e até lanternas.