
Coluna Saúde Feminina: Seu Maior Luxo com Dra. Larissa Cabral – Será que estamos vivendo a cultura da suplementação e terapias hormonais?
Em tempos de supervalorização da juventude idealizada, do bem-estar e promessas de longevidade plena, uma pergunta se impõe com urgência: estamos vivendo a era da suplementação? Nunca se falou tanto em suplementação, “equilíbrio hormonal”ou “modulação hormonal personalizada”. Uma busca que, sob o verniz científico, pode esconder mais do que revela: o culto à performance eterna — física, sexual, emocional — travestido de medicina. E mais, levando à extrapolação de alguns limites de segurança.
Foto: Divulgação
A crescente popularização das terapias hormonais e suplementação, inclusive entre pessoas saudáveis, revela uma mudança sociocultural profunda. O corpo tornou-se um projeto contínuo de aperfeiçoamento. Vivemos uma era em que cansaço, libido flutuante, alterações de humor ou o simples envelhecer são patologizados e medicalizados. A promessa? Um “novo eu”, mais produtivo, magro, desperto e potente.
Foto: Divulgação
A medicina, por sua vez, sofre as pressões do mercado e das redes. Influenciadores digitais entitulados de especialistas promovem “revoluções hormonais” com protocolos padronizados, frequentemente à margem das diretrizes científicas. Indicações questionáveis de tratamentos não regulamentados, pacientes dependentes de substâncias que deveriam ser prescritas com parcimônia, colocam em risco à saúde sem o devido cuidado com as consequências. O discurso é envolvente: “não aceite menos do que o seu máximo”.
Foto: Divulgação
Porém a regulamentação dos tratamentos médicos com efeitos comprovados passa por diversas fases de uma pesquisa clínica que constroem um respaldo para a segurança e eficácia de determinado tratamento. E hoje, é imprescindível que essas etapas não sejam puladas. E aqui há um contrassenso, se de um lado reclamamos de vacinas sem estudos a longo prazo, nos expomos a tratamentos sem nenhum embasamento científico, mas disfarçado do desejo de manter a saúde. A que preço?
Foto: Divulgação
É necessário, portanto, um olhar mais crítico e ético. Não se trata de demonizar os tratamentos hormonais e suplementações— fundamentais e transformadores em muitos contextos clínicos. Trata-se de lembrar que a medicina deve se basear em ciência, e não em tendências. Que nem todo declínio é disfunção, nem toda oscilação é doença. E que envelhecer, com seus desafios e sabedorias, não é uma falência, mas uma parte essencial da experiência humana.
Se queremos saúde e longevidade de verdade, talvez devêssemos trocar a obsessão por medicações por algo mais revolucionário: hábitos sustentáveis, relações sólidas, saúde mental e uma aceitação madura do tempo que passa.
SERVIÇO
Dra. Larissa Cabral
Médica Mastologista
CRM – 18688 PE
RQE- 8043
Clínicas: Real Instituto de Mastologia e Clínica Thereza Pacheco
Telefones: (81) 99109-0296
* O Blog Ana Cláudia Thorpe se isenta de qualquer responsabilidade pelo conteúdo do texto, fotos, cabendo esta, de modo exclusivo, ao Colunista.
