Coluna Saúde da Mulher com Dra Carolina Valença – Ninfoplastia: a cirurgia íntima mais realizada
A história da cirurgia íntima feminina é descrita desde o Egito Antigo. Naquele tempo, era realizada por questões religiosas ou higiênicas. Era considerada uma circuncisão na mulher, assim como acontece com o prepúcio dos homens no judaísmo ou islamismo. O aumento da procura por essas cirurgias vem ocorrendo por vários motivos: conhecimento sobre a cirurgia; tendência a retirada de pelos em excesso, expondo mais os tecidos, deixando os pequenos lábios mais evidentes; ou a procura por um “padrão” de beleza íntima, que de fato não existe.
A vulva é órgão da genitália externa feminina, revestido de pele, com muitas terminações nervosas e vascularização importante. Os pequenos e grandes lábios, assim como os pelos arqueados, fecham-se ao centro, protegendo a entrada da vagina e uretra contra infeções, mantendo a temperatura, pH e flora bacteriana protetora. Como qualquer parte do corpo, não é um órgão simétrico ou ter a mesma conformação para todas as mulheres. Cada órgão em cada indivíduo possui as suas características próprias, conforme a genética, biótipo ou hábitos de vida.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) se refere à mutilação genital feminina como todos os procedimentos envolvendo a remoção parcial ou total da genitália feminina externa ou outras lesões nos órgãos genitais femininos, seja por razões culturais, religiosas ou não terapêuticas. Portanto, há indicações médicas para a realização da cirurgia genital, feita com ética, considerada reparadora, sem comprometer a função do órgão no futuro. Fatores importantes a ser considerados são a idade da paciente, alterações da genitália relacionadas ao status hormonal ao longo da vida e nas gestações.
A labioplastia, ninfoplastia ou correção da hipertrofia congênita dos pequenos lábios é a cirurgia íntima mais frequentemente realizada. As principais indicações são: excesso de tamanho dos pequenos lábios onde possam causar dor; desconforto na prática de exercícios físicos, como ciclismo ou cavalgada; dificuldade para higiene; infecções frequentes; “obstáculo” na penetração durante o ato sexual. Cada caso deve ser avaliado de forma individual pelo seu ginecologista ou cirurgião plástico.
Como todo procedimento cirúrgico, as cirurgias íntimas têm seus riscos agudos, como sangramentos, hematomas ou infeção e crônicos, os mais comuns as deiscências, fibrose, dor crônica, cicatrização hipertrófica ou queloides e alterações do orgasmo.
Cuidem-se!
Dra. Maria Carolina Valença* CREMEPE 14358 – RQE 4803
*Médica Ginecologista e Obstetra, Mestre em Tocoginecologia (FCM/UPE)
Endereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/6239880783908739
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