Coluna Saúde da Mulher com Dra Carolina Valença – Quando a mulher precisa repor testosterona?
Terapia de reposição de testosterona na mulher é um assunto importante, controverso e merece atenção. Cada vez mais vemos excesso de exames de dosagem desses hormônios nas mulheres sem evidência clara para realização dos mesmos. Nada melhor para responder essa pergunta do que as orientações do último consenso da Sociedade Brasileira de Climatério, onde se resume as indicações e condutas para o uso de androgênios (testosterona e/ou precursores e derivados) na mulher. O cuidado e atenção para essas orientações são fundamentais, pois há efeitos colaterais no uso do hormônio.
Vejam as indicações:
??A indicação primária para o uso da testosterona é o tratamento das queixas sexuais (desejo, excitação e orgasmo), excluídas outras causas;
??Não é recomendado até o momento o uso de testosterona em mulheres não estrogenizadas, ou seja, que não fazem terapia de reposição hormonal clássica;
??Em mulheres com útero, o uso de testosterona não exclui a necessidade da utilização de progestagênio para proteção endometrial (camada que reveste o útero por dentro). A dosagem de androgênios séricos (testosterona total, livre entre outros) não deve ser utilizada para se diagnosticar insuficiência androgênica (ou seja: não será isso que vai definir a reposição de progesterona na mulher e sim os sintomas!);
??A terapia androgênica (uso de testosterona e precursores) deve ser preferencialmente feita por via transdérmica (adesivos de liberação prolongada seriam o ideal), com a finalidade de se evitar a primeira passagem de metabolismo hepático e suas consequências, e na menor dose suficiente para a resposta clínica adequada;
??Não se recomenda a utilização por mulheres de apresentações formuladas para o sexo masculino, pela dificuldade de ajuste de dose e risco de fornecer doses suprafisiológicas (são aquelas maiores do que a necessária para controlar os sintomas);
??Até o momento, não existe nenhum produto aprovado no mercado brasileiro para utilização feminina, só sob fórmulas manipuladas. A manutenção da terapia androgênica em mulheres na pós-menopausa deve ser condicionada à melhora dos sintomas que motivaram a indicação da prescrição.
O desejo sexual hipoativo tem várias outras causas associadas e precisa ser estudado em cada paciente com atenção.
Tenha um médico de confiança que possa prescrever a terapia de reposição hormonal com segurança e minimize o risco. Efeitos colaterais existem e podem ser graves! Cuide-se!
Dra. Maria Carolina Valença ?⚕
CREMEPE 14358 | RQE 4803
Dra. Maria Carolina Valença* CREMEPE 14358 – RQE 4803
*Médica Ginecologista e Obstetra, Mestre em Tocoginecologia (FCM/UPE)
Endereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/6239880783908739
Instagram: @dracarolvalenca