Coluna Saúde da Mulher com Dra. Carolina Valença – DIU: é seguro para adolescentes e quem não tem filhos?
A resposta é: SIM! O Dispositivo Intrauterino, conhecido pelas suas iniciais – DIU – é um método contraceptivo de longa duração, reversível, matematicamente tão eficaz como uma laqueadura tubária.
No Brasil ele ainda é pouquíssimo usado em relação à demanda contraceptiva da população feminina. Um mito que dificulta muito as mulheres que inicial a atividade sexual optar por esse método contraceptivo envolve o desconhecimento sobre a sua eficácia, segurança e a possibilidade de uso em mulheres mais jovens.
Por ser um dispositivo colocado no interior do útero, tem maior eficácia comparado às pílulas contraceptivas orais. Estas são passíveis de esquecimento e não cumprimento da regularidade de horário da medicação e diminuição da absorção por vômitos ou diarreia. Sem falar que os riscos, mesmo pequenos, de tromboses ou doenças hepáticas a longo prazo não existem com uso do DIU.
Desde 2007, o comitê do American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG) recomendou que os DIU fossem considerados opções de primeira linha para anticoncepção em adolescentes com ou sem filhos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) também apoia o uso de DIU em adolescentes, fornecendo critério de elegibilidade 2 (benefício superior ao risco) para mulheres da menarca (primeira menstruação) aos 20 anos. A American Academy of Pediatrics (AAP) também os considera seguros em adolescentes que nunca tiveram filhos.
Infelizmente, os profissionais da saúde frequentemente ainda não identificam adolescentes como possíveis candidatas ao uso de métodos intrauterinos. Isso ainda decorre de um antigo medo de que o DIU causasse doença inflamatória pélvica (DIP) e infertilidade tubária, o que as atuais evidências científicas mostram que isso não acontece. Também há a ideia de que há maior risco de expulsão e de efeitos adversos em mulheres que nunca tiveram filhos quando comparado as que já tiveram, o que atualmente também temos evidência de que não acontece de forma significativa que possa comprometer a indicação do método como excelente escolha nessa população.
O retorno à fertilidade se dá com a retirada do dispositivo. Pacientes que não retornam a fertilidade após a remoção do dispositivo, outras causas de infertilidade devem ser investigadas.
Cuidem-se!
Dra. Maria Carolina Valença*
CREMEPE 14358 – RQE 4803
*Declaro não haver conflito de interesses com a indústria farmacêutica ou comercialização de Dispositivos Intrauterinos.
*Médica Ginecologista e Obstetra, Mestre em Tocoginecologia (FCM/UPE), Preceptora de ensino do CISAM/UPE e CAM/IMIP
Endereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/6239880783908739
Instagram: @dracarolvalenca