Orquestra de Câmara de Pernambuco inicia turnê 2023
Uma música que bebe na fonte da tradição popular, mergulhando na raiz do maracatu, do caboclinho, dos aboios e do terno de pífanos, transportando esta riqueza para o universo de uma orquestra. A música armorial, representação artística sonora do Movimento Armorial encabeçado pelo escritor Ariano Suassuna, ganha, nos meses de abril e junho, bela homenagem da Orquestra de Câmara de Pernambuco (OCPE). A estreia será nesta sexta-feira, dia 21, no pequeno distrito de Algodões, em Sertânia, Sertão pernambucano.
Circuito de Música de Câmara – Edição Armorial tem patrocínio do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei de Incentivo à Cultura do Governo Federal, e realiza concertos gratuitos em Sertânia, Camaragibe, Recife e em Santa Rita e Itapecuru Mirim (MA). Inspirado nos 50 anos do Armorial, o conjunto, que tem à frente o maestro José Renato Accioly, se lança no Circuito de Música de Câmara – Edição Armorial, anunciando cinco concertos gratuitos em cidades de Pernambuco e do Maranhão.
O Circuito de Música de Câmara – Edição Armorial tem produção de Carla Navarro e conta com o incentivo do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei de Incentivo à Cultura do Governo Federal. “Este foi um projeto idealizado para 2020, no máximo, 2021, para marcar os 50 anos da música armorial, mas a pandemia nos fez adiar. Estamos muito felizes em poder fazê-lo agora e oferecer às novas gerações a possibilidade de conhecer essa música. Tenho filhos de 26, 28 anos, que não tiveram contato com essa música e com a força do Armorial para a cultura brasileira”, afirma o maestro.
Além da pequenina Algodões – que está envolvida na reforma do seu Clube Recreativo para receber pela primeira vez uma orquestra -, serão contempladas no projeto as cidades de Camaragibe (28/4), na Região Metropolitana do Recife, e as maranhenses Santa Rita (9/6) e Itapecuru Mirim (10/6). Completa o circuito a capital pernambucana (23/4).
“O Recife entrou na rota porque é a nossa casa, é a sede da Orquestra de Câmara, mas todas as demais cidades não têm tradição em abrigar orquestras. Camaragibe, por exemplo, pela proximidade com o Recife, acaba não recebendo apresentações de orquestras, assim como Santa Rita e Itapecuru Mirim, que também são próximas a São Luís”, ressalta a produtora Carla Navarro.
Na caravana da OCPE viajam 25 pessoas, entre músicos, maestro e produção. Em cada uma das paradas do circuito, eles realização um concerto-aula, sempre à tarde, e à noite, o concerto. “Realizamos o concerto-aula com muito carinho, apresentando didaticamente os instrumentos que formam a orquestra, como cada um contribui para o resultado final, e as músicas; no caso, as peças armoriais. Será a hora de falar um pouco do que foi o movimento e as características dessa música que nasceu dentro desta escola”, revela José Renato, que também é maestro assistente da Orquestra Sinfônica do Recife.
O maestro explica o que dá importância à produção armorial. “Foi o movimento que mais profundamente mergulhou na tradição popular, no folclore. Ele faz uso da rítmica, das melodias modais nordestinas, da harmonia que essas melodias produzem, dando a esta raiz musical uma roupa de orquestra, uma roupa de sonoridade europeia, por se tratar de uma orquestra com formato europeu, com violinos, violoncelos, contrabaixo e violas, incorporando ainda duas flautas e um conjunto de percussão. Fazendo alusão ao popular, as duas flautas representariam os pífanos; as cordas representariam as rabecas, e a percussão traz a zabumba, o triangulo e o pandeiro da tradição dos brinquedos populares”, conclui.
A viagem musical por Pernambuco e Maranhão prenuncia um animado calendário para a Orquestra de Câmara de Pernambuco em 2023. “Temos muita coisa boa para este ano, como mais uma edição do São João Sinfônico, por exemplo. Nosso objetivo, além de oferecer espetáculos pautados pela excelência, é formar plateias. Quando a gente passa por cidades tão carentes de cultura, a gente coloca uma semente no coração daquele público. E é daí, desses momentos, que fomentamos o músico profissional. Temos vários casos de profissionais que despertaram para a música em apresentações como essas. Essa é uma responsabilidade que abraçamos com muita alegria”, finaliza Carla Navarro.
SERVIÇO:
21/4 – Clube Recreativo de Algodões (Sertânia), 15h (concerto-aula) e 19h (concerto)
23/4 – Concatedral de São Pedro dos Clérigos (Pátio de São Pedro, Recife), 15h (concerto-aula) e 17h (concerto)
28/4 – Teatro Bianor Mendonça Monteiro (Camaragibe), 15h30 (concerto-aula) e 19h30 (concerto)
9/6 – Santa Rita, Maranhão. (local a definir), 16h (concerto-aula) e 19h (concerto)
10/6 – Itapecuru Mirim, Maranhão. (local a definir), 16h (concerto-aula) e 19h
Todas as apresentações são abertas ao público.
PROGRAMA
Três Peças Nordestinas – Clóvis Pereira
Aboio – Cussy de Almeida
Suíte Sem Rei, Nem Rei – Capiba
Chegança – Benny Wolkoff
Toada e Desafio – Dierson Torres
A Pedra do Reino – Suite Armorial – Jarbas Maciel