Galo da Madrugada já salta suas asas

Galo da Madrugada já está se vestindo para a sua edição 2023, após um hiato de três anos sem sair às ruas do Recife. E, na última quarta-feira, dia 01 de fevereiro, a agremiação reconhecida mundialmente apresentou a temática deste ano: o “Galo Preto Ancestral”, que é o tema que norteia a criação da alegoria do Carnaval do Recife. Assim, o novo visual aporta novamente com muito calor abraçando a todos os seus foliões na festa democrática depois do Galo da Madrugada atravessar seu cortejo em 2020, último ano em que reinou no Centro do Recife, antes do início da pandemia do coronavírus.

O tema “Galo Preto Ancestral” chega como uma homenagem a herança afrodescendente do Brasil no principal bloco do Carnaval do Recife, desenvolvido pelo artista plástico Leopoldo Nóbrega, responsável por idealizar o Galo pelo terceiro ano seguido. O criativo apresentou a novidade no espaço Art Plenna, juntamente com sua irmã Germana Xavier, que cuidou do design e da produção executiva da alegoria.

Nóbrega teve como inspiração para a obra de arte a representatividade da etnia brasileira e, sobretudo, da população negra, do nascimento dos brinquedos populares e do frevo. “Evocamos a nossa ancestralidade africana e brindamos um novo tempo colorido, de paz, igualdade, inclusão e valorização das diferenças como potência cultural e estímulo ao fortalecimento das identidades através do empoderamento social, das narrativas humanistas e práticas sustentáveis presentes na escultura gigante do Galo da Madrugada”, disse.

Para sua nova criação, o artista plástico se inspirou no grande Pablo Picasso e na arte cubista nos traços e ângulos para criar o visual do Galo, que alcançasse as vertentes da padronagem tradicional da cultura africana, integrando tudo isso com as paletas de cores características dessas raízes.  Com uma cabeça que recebe também pinturas africanas em cor branca no rosto, o Galo Ancestral terá uma crista adornada com dreadlocks, embelezados com fitas de múltiplas cores, que será completada com um piercing no bico.

O Galo gigante terá 90% de materiais e resíduos recicláveis que foram trabalhados de forma a fazer essa construção da padronagem e paletas de cores africanas e pernambucanas, com tons quentes. Mas, as pontas das asas serão douradas, em reverência a Oxum. O pescoço trará uma gargantilha africana, enquanto sua cauda terá todas as cores da paleta do arco-íris para rememorar que o Carnaval é de todos.

Mosaicos de espelhos tecnológicos serão confeccionados com DVDs descartados, iluminando a importância do consumo consciente. Na roupa, Leopoldo também mascarou alguns símbolos sagrados da folia. As cores fazem referência ao Frevo e Maracatus, com coroas, escudos e sombrinhas de frevo. A obra será composta por mais de 7 toneladas de insumos e chegará a 28 metros de altura quando instalada na Ponte Duarte Coelho, entre os bairros da Boa Vista e de Santo Antônio, no Centro da cidade, em 16 de fevereiro.

Para o secretário de Cultura do Recife, Ricardo Mello, o encontro com o Galo Ancestral reverencia a cultura popular basilar inerente ao ciclo momesco recifense. “Quando falamos em uma volta com todos os Carnavais, estamos atentos à diversidade, à pluralidade única desse ciclo cultural, no Recife, mas também às referências temporais, das várias épocas, encontrando assim as origens da folia”, disse.